Sir Thomas Morus (filósofo, diplomata, advogado e escritor inglês - 07/02/1478 - 06/07/1535) |
"Há justiça quando um nobre qualquer, um ourives, um usurário, pessoas que não produzem nada ou apenas coisas sem as quais a comunidade passaria facilmente, levam uma vida folgada e feliz na preguiça ou numa ocupação inútil, enquanto o servente, o carroceiro, o artesão, o lavrador, por um trabalho pesado, tão contínuo que um animal de carga dificilmente poderia suportar, tão indispensável que sem ele um Estado não duraria um ano, só conseguem obter um pão mesquinhamente medido e vivem na miséria? A condição dos animais de carga afigura-se bem melhor; estes trabalham por menos tempo, seu alimento não é muito pior, se não lhes for até mais deleitável, e não são obsedados pelo temor do futuro.
Mas os operários! Eles penam dia após dia, sobrecarregados por um trabalho estéril e sem recompensa, e a perspectiva de uma velhice sem pão os mata. O salário cotidiano não basta sequer para suas necessidades; muito menos para reservar alguma coisa para o futuro." (MORUS, Sir Thomas Morus. A utopia. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2010, p. 150).
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